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Caixa – Setembro 2024


Sobre a caixa

A caixa do mês inclui Destinatário desconhecido: uma antologia poética (1957-2023), de Hans Magnus Enzensberger (1929-2022), selecionada e traduzida do alemão por Daniel Arelli. O volume reúne noventa poemas dos livros publicados entre os anos 1950 e 2020 por um dos principais nomes da poesia alemã de todos os tempos. Além do livro, também vai na caixinha a plaquete Soneto, a exceção à regra, em que André Capilé e Paulo Henriques Britto comentam aspectos formais de catorze sonetos escritos por grandes poetas brasileiros, de Olavo Bilac a Guilherme Gontijo Flores, passando por Carlos Drummond de Andrade e Hilda Hilst. Os sonetos formam, por si só, uma excelente antologia de poesia, mas, por meio dos comentários, os leitores encontram uma oportunidade de conversar com dois grandes poetas e leitores sobre esses poemas e, assim, aprendem a visitar novas camadas de sentido em cada palavra.

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Nascido no Período Entreguerras, Hans Magnus Enzensberger cresceu na Alemanha nazista e refletiu, em poemas e ensaios, sobre a experiência histórica de viver no mundo conturbado que se desdobrou desde então. Destinatário desconhecido: uma antologia poética (1957-2023) reúne noventa de seus mais importantes poemas, selecionados e traduzidos do alemão pelo poeta e professor Daniel Arelli, que também traduziu a poesia de Hannah Arendt.

Os textos estão organizados em seções que sugerem aproximações entre os diferentes momentos da obra do poeta, que escreveu e publicou por mais de sete décadas, formando um dos retratos mais intensos do mundo depois da Segunda Guerra Mundial. Durante todo esse período, Enzensberger lançou seu “olhar faiscante” (na precisa expressão do tradutor) sobre o tempo presente, demonstrando que “a poesia é onívora — tudo o que se experimenta ou percebe pode se tornar tema da poesia”. Como afirma Arelli, “parece não haver material, temática ou procedimento que não possa ser processado e assimilado pela moenda de Enzensberger”.

Seus versos revelam uma capacidade rara de enfrentamento poético e político; é como se ele, a cada poema, encontrasse uma forma de se posicionar tanto em relação à modernidade poética (tensionando, rejeitando, incorporando criticamente) quanto em meio às tendências políticas ao seu redor. Enzensberger capta diversas correntes do tempo se cruzando: “Abra os olhos e o que aparece desapareceu/ Feche os olhos e o que desapareceu aparece”. Daí que a leitura desta antologia seja tanto um passeio pelo século passado quanto a mais contemporânea das experiências.

Num ensaio repleto de ironias sobre a condição da poesia (“Notícias do fazer poético”, de 1989), Enzensberger cravou: “É quase um milagre que ela continue entre nós”. Entretanto, ao ler um poeta como ele, que soube traduzir e intervir com tanta força e beleza no mundo, não apenas entendemos esse “milagre”, como agradecemos muito que ele tenha insistido nessa arte “tão obstinada, inventiva e impagável”.

Quem já cantou e se emocionou com os versos “Amor é um fogo que arde sem se ver;/ É ferida que dói e não se sente”, popularizados na voz de Renato Russo, do Legião Urbana, talvez não saiba que essas palavras abrem um soneto de Luís de Camões, escrito há quase cinco séculos. E poucos sabem que esses versos perfeitos, que colam na memória, são decassílabos e que o poeta calculou a função de cada sílaba para que pudéssemos sentir, para sempre, a emoção que o levou a escrever essas palavras apaixonadas.

Em Soneto, a exceção à regra, dois grandes poetas, tradutores e estudiosos das formas poéticas se reuniram para esmiuçar a máquina do poema, revelando os segredos escondidos em cada detalhe. André Capilé e Paulo Henriques Britto escolheram catorze sonetos de poetas brasileiros, de diferentes gerações e linhagens — Olavo Bilac, Cruz e Sousa, Augusto dos Anjos, Mário de Andrade, Vinicius de Moraes, Jorge de Lima, Carlos Drummond de Andrade, Sosígenes Costa, Mário Faustino, Hilda Hilst, Maria Lúcia Alvim, Glauco Mattoso, Augusto de Campos e Guilherme Gontijo Flores —, para exemplificar as inúmeras possibilidades de escrita a partir do domínio e do jogo com as regras recebidas da tradição.

Por trás do vocabulário árduo da teoria poética — versos heroicos e sáficos, martelos-agalopados, pentâmetros iâmbicos! —, o que há é uma forma muito divertida, inteligente e proveitosa de ver os sentidos das palavras se multiplicarem e nos tocarem ainda mais. Nestas breves páginas, há duas plaquetes em uma: numa primeira camada, uma incrível antologia de poemas que, por si só, são um banquete e uma lição de poesia; e, em outra camada, um convite para navegar com outras bússolas por esses mares.

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