Caixa de novembro

novembro 2025

Na caixa de novembro, os assinantes recebem o livro Eurídice e outros poemas, antologia que apresenta a poesia de H. D., figura incontornável do modernismo em língua inglesa. Nos seus poemas, selecionados e traduzidos por Camila de Moura, tem-se a impressão de estar entrando noutro tempo, noutro mundo, mas poucas páginas bastam para que se perceba uma poeta que viveu e escreveu intensamente seu tempo, tendo encontrado na Antiguidade um campo fértil para experimentações, e nas divindades gregas a mais perfeita máscara para sua própria presença: “arriscarei minh’alma inteira/ por essa beleza”. Também vai na caixinha a plaquete com o ensaio Juventude eterna: a poesia do mito e o mito do poeta, em que Eduardo Sterzi coloca Paulo Leminski e Torquato Neto no centro para  investigar os nexos entre poesia e mito, como um “contágio entre poesia e mundo, entre poesia e vida”, enfrentando uma pergunta que os poetas, cada um a seu modo, repetem através dos tempos — com palavras, mas também com os próprios passos tortos: em que medida os mitos explicam os mistérios da vida, da morte, da poesia? Nas mãos de um grande ensaísta, sabemos que as perguntas às vezes encontram boas respostas, mas, nos melhores casos, voltam ainda mais vivas e inquietantes. É exatamente o que acontece nessas páginas.

Livro de novembro

Autor

H. D.

Leitoras e leitores brasileiros já conhecem, há bastante tempo, alguns dos grandes nomes do modernismo em língua inglesa, como Ezra Pound, Mariane Moore e William Carlos Williams, mas havia uma grande e inadmissível lacuna: a obra poética de H. D., figura fundamental da poesia do século passado e indispensável para a contemporaneidade. Eurídice e outros poemas, antologia organizada e traduzida por Camila de Moura, é a prova de que sua presença entre nós era urgente.

O livro apresenta 37 poemas dos primeiros livros de H. D. — Jardim do mar (1916), O deus (1913-1917), Hímen (1921) e Heliodora (1924) —, posfácio e glossário elaborados pela tradutora, além de um perfil da poeta escrito por sua filha, Perdita Schaffner.

Nos versos de H. D., povoados de divindades gregas, tem-se a impressão de estar entrando noutro tempo, noutro mundo, mas poucas páginas bastam para que se perceba uma poeta radicalmente moderna — atualíssima sob vários aspectos — que viveu muitas vidas. Em torno dela, giram não apenas referências ao mundo literário, mas também a Freud, cinema, múltiplas relações amorosas, duas guerras mundiais, a gripe espanhola, como se a primeira metade do século xx se agitasse em torno de uma única figura.

Os poemas reunidos formam uma ponte extraordinária entre passado e presente, feita não apenas por meio da tradução (a estreia da H. D. em livro se deu com uma tradução para o inglês dos coros de Ifigênia em Áulis, de Eurípides, em 1916), mas sobretudo pela incorporação criativa da poética e da cultura gregas em sua obra “imagista”, marcada pela busca de uma expressão concisa, clara, sem adornos ou palavras supérfluas.

Para lidar com seu mundo, H. D. encontrou na Antiguidade um campo fértil para experimentações, e nas deusas gregas a mais perfeita máscara. Assim, se fez precursora de tantas poetas (como a canadense Anne Carson e a brasileira Luiza Romão) que atravessam essa ponte para romper o silêncio imposto às mulheres numa história contada sempre pelos homens: “arriscarei minh’alma inteira/ por essa beleza”.

Plaquete de novembro

Nas páginas de Juventude eterna, Eduardo Sterzi investiga os nexos entre poesia e mito. Para tanto, o ensaísta parte em busca de poetas que “mobiliza[ra]m a mitologia como algo mais do que um repertório”, porque a tomaram como visão de mundo ou mesmo como forma de vida. Interessa-lhe, em especial, o ponto em que se dá o “contágio entre poesia e mundo, entre poesia e vida”, colocando no centro de sua reflexão duas figuras fundamentais para entender os caminhos atuais do gênero no Brasil, Paulo Leminski e Torquato Neto, que desataram os limites da poesia e da vida.

São raros os autores que dominam, como Sterzi, a capacidade de transitar entre os temas clássicos e os mais absolutamente contemporâneos para investigar os sentidos da poesia, como alguém que se dedica à crítica “não perante os poetas, mas em meio aos poetas”, entre os quais, de fato, ele se destaca desde os anos 1990. Poeta-crítico, professor da Universidade Estadual de Campinas, em sua trajetória é possível vislumbrar a trama de ideias que é reelaborada em seu ensaio, porque ele dedicou estudos a Murilo Mendes e Dante Alighieri, à antropofagia e à poesia concreta, entre tantos outros autores e movimentos, sem jamais recuar ou desviar dos desafios que essas obras propõem.

Em Juventude eterna, seu percurso é guiado por uma pergunta que os poetas, cada um a seu modo, repetem através dos tempos — com palavras, mas também com os próprios passos tortos: em que medida os mitos explicam os mistérios da vida, da morte, da poesia? Nas mãos de um grande ensaísta, no entanto, sabemos que as perguntas às vezes encontram boas respostas, mas, nos melhores casos, voltam ainda mais vivas e inquietantes. É exatamente o que acontece nessas páginas.

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