Caixa de outubro

outubro 2025

A caixa de outubro traz A cor da pele: poesia reunida, a tão aguardada obra poética completa de Adão Ventura. Organizado por Fabrício Marques, o livro apresenta, pela primeira vez num único volume, todos os poemas desse mineiro cujos talento e sensibilidade literária já se destacavam no convívio com uma geração brilhante de escritores em Belo Horizonte. Quando lançou o olhar para sua própria realidade de homem negro, bisneto de escravizados, numa sociedade racista — após uma temporada nos Estados Unidos —, forjou uma voz das mais belas, fortes e necessárias já surgidas na poesia brasileira. Também vai na caixinha a plaquete Dendorí: dar corpo ao poema — e vice-versa, de Ricardo Aleixo. Em trinta verbetes ensaísticos, o poeta parte da rica experiência como “performador” para refletir sobre a arte poética e demonstra que fazer um poema é bem mais do que lançar um texto no papel. Ao inventar a palavra “dendorí” (contração mineiríssima de “dentro do orí”, em que a palavra iorubá significa “cabeça”), ele ensina que cada artista é uma “pessoa-muitas”, isto é, compõe-se coletivamente, inclusive por sua ancestralidade, e é no poema que todas essas pessoas têm presença, voz, corpo.

Livro de outubro

A reunião da poesia de Adão Ventura (1939-2004) era há muito aguardada. Nascido numa terra que, para nossa sorte, já foi e continua sendo cantada por tantos grandes poetas, ele lançou uma voz única de Minas Gerais para o mundo. Bisneto de escravizados, Ventura se apaixonou pela poesia ainda nos bancos escolares, mas, curiosamente, foi depois de viver uma curta experiência como professor numa universidade norte-americana nos anos 1970, e se deparar com as lutas da população afrodescendente, que a questão racial se tornou sua principal “fonte de preocupação poética”.

O talento e a sensibilidade literária de Ventura já se destacavam no convívio com uma geração brilhante de escritores em Belo Horizonte. Quando lançou o olhar para sua própria realidade de homem negro numa sociedade racista, forjou uma voz das mais belas, fortes e necessárias já surgidas na poesia brasileira.

É todo esse percurso que os leitores encontrarão em A cor da pele: poesia reunida, desde sua estreia, com uma série de poemas em prosa com tons surrealistas, passando pelo poeta combativo que vai se revelar completamente a partir dos anos 1980 e pelos magistrais retratos líricos do Vale do Jequitinhonha, até o conjunto final de 37 poemas esparsos, reunidos pela primeira vez em livro. Organizado pelo poeta Fabrício Marques, que assina o posfácio e as notas à edição, o livro traz ainda uma resenha escrita por Silviano Santiago na ocasião do lançamento do clássico que dá nome a esta edição, A cor da pele.

Plaquete de outubro

Fazer poesia com o corpo todo: eis a lição/convocação de Ricardo Aleixo nos trinta verbetes de Dendorí: dar corpo ao poema — e vice-versa. Partindo da rica experiência como “performador”, o poeta mineiro reflete sobre os principais aspectos dessa dimensão tão importante da arte poética, lembrando-nos de que, desde suas origens, nas mais variadas culturas, fazer um poema é bem mais do que colocar um texto no papel.

Em vez de criar conceitos rígidos, Aleixo se dedica a registrar poeticamente suas ideias, que se oferecem como ponto de partida para novas criações, dele e de todos nós, porque performance “é a junção, num mesmo espaçotempo, da voz — que faz da palavra uma força viva —, do corpo inteiro, do gesto e do movimento, os quais, assim enlaçados, compõem um ambiente multissensorial, um campo aberto e livre”.

À luz da palavra “dendorí” (contração mineiríssima de “dentro do orí”, em que a palavra iorubá significa “cabeça”), ele nos ensina que cada artista é uma “pessoa-muitas”, isto é, compõe-se coletivamente, inclusive por sua ancestralidade, e é sobretudo no palco do poema que todas essas pessoas têm presença, voz, corpo.

Os verbetes — que acompanham os passos de Aleixo da improvisação à inspiração, da intermídia ao “poemanto”, da “corpografia” ao “texto-tambor” — formam um precioso ensaio sobre a performance poética, recolhendo um saber que se fez a partir do fazer de um dos principais poetas brasileiros das últimas décadas.

ASSINE O CÍRCULO DE POEMAS E RECEBA 2 LIVROS POR MÊS

ATENÇÃO

As compras de produto e assinatura são feitas separadamente. Para adicionar a assinatura em seu carrinho vamos esvaziá-lo primeiro.
Aceitar