Robert Cornelius, fabricante de lâmpadas, vê alguém
(abril 2022)
Sobre a plaquete
Robert Cornelius, fabricante de lâmpadas, vê alguém, de Carlos Augusto Lima, é um poema em série que dialoga com o daguerreótipo A primeira foto luminosa jamais tirada (1839), do inventor norte-americano Robert Cornelius. A imagem é considerada a primeira selfie da história. O inventor norte-americano do século XIX, além de fotógrafo, foi também fabricante de lâmpadas, sendo o responsável, por exemplo, pela primeira lâmpada de querosene, em 1843.
A partir desses detalhes – a fixação do próprio rosto e a iluminação artificial –, os versos de Carlos Augusto Lima se expandem formando um verdadeiro vórtice de linguagem em que os tempos se chocam e são engolidos.
Quanto mais se representa o rosto, mais se cria uma desfiguração. Quanto mais se iluminam as coisas, mais os feixes de sombras são projetados. Assim, entre desfiguração e fixação, entre luz e sombra, o poema encara de frente os olhos de Robert e, em meio à fantasmática proliferação de imagens que vivemos hoje, pergunta “quem sou eu?”
A plaquete faz parte de uma coleção de poemas em diálogo com imagens anteriores ao século XX.
Esta plaquete é parte da caixa de abril 2022
- título Robert Cornelius, fabricante de lâmpadas, vê alguém
- autor Carlos Augusto Lima
- Capa Alles Blau
- Páginas 24
- Data da publicação 01/04/2022
Trecho
XIV
Onde moro. Nem reconheço essa paisagem, ainda
Que entenda o funcionamento dos aparelhos que
Me obedecem ao menor sinal. Nenhum registro
De minha presença aqui. Quartos, salas, marcas
De móveis no pó, jornais velhos, tempo gasto e
Devassado. O amarelo de manchas nas paredes
Friorentas, guardiãs silenciadas de tempos
Brindados e desejosos do eterno.