O salto do tigre
(dezembro 2025)
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Sobre a plaquete
Não resta dúvida de que Isabela Benassi, poeta e pesquisadora que estreia com O salto do tigre, está entre aquelas e aqueles “que aceitam sujar as mãos/ com os problemas do seu tempo”. Suas palavras se conectam às esperanças e lutas de mulheres e homens que fizeram “um pacto/ de colheita/ pelo futuro”. E tomam posição franca: “sonho com a revolta de/ meus pares/ (sonhar não me satisfaz)”.
Se um dos aspectos mais admiráveis da poesia contemporânea é a diversidade de formas encontradas pelos poetas para falarem de política (num arco amplo que vai do depoimento sobre a experiência subjetiva até o discurso abertamente engajado), os poemas de Benassi são a expressão de uma maturidade nessa tarefa coletiva de flagrar e afrontar as fraturas do tempo presente. Sob minuciosa camada lírica, seus versos acusam a conflituosidade tão variada em que estamos imersos, afundando, sufocando.
Quando estica a voz em direção a Leonardo Fróes ou ao pai, a Maradona ou a Orides Fontela, ou imagina encontrar Walter Benjamin como um judeu “vivo e contemporâneo” nas ruas do bairro do Bom Retiro, em São Paulo, a poeta de O salto do tigre se nutre de força e delicadeza para enfrentar esse mundo em que “os que escrevem/ apanham a caneta pela mão e/ apanham/ apanham/ apanham”. Seu olhar nunca evita embates — do machismo à luta de classes, da destruição ambiental ao colonialismo, do luto à desigualdade social —, mas é sempre muito hábil em nos lembrar que há formas de vida e de luta mais bonitas, inteligentes, precisas. Como um tigre sabe, como um tigre salta.
Esta plaquete é parte da caixa de dezembro 2025
- título O salto do tigre
- autor Isabela Benassi
- ISBN 9786561390965
- Páginas 40
- Formato 13,5 x 20 cm
Trecho
percepção
este corpo pode até
tocar outro corpo
sem transformá-lo
este corpo pode até
escrever outro nome
sem entendê-lo
mas transforma-o
e o entende