Noite devorada
(maio 2025)

Sobre o livro
Voz inconfundível na poesia contemporânea brasileira, Mar Becker abre agora as portas do seu universo particularíssimo para falar de amor. Ou melhor: para amar, palavra por palavra, e fazer o amor falar. Em Noite devorada, a poeta gaúcha dispõe os versos como se mostrasse, pouco a pouco, os movimentos dos corpos que se amam: “o amor fez frágeis demais minhas/ palavras// e eu agora temo feri-las de morte sussurrando-as”.
Mas corpo, aqui, é tudo de que somos feitos, incluindo medos e saudades, desejos e equívocos. Se é justamente pelas frestas que o amor se move, todo cuidado é pouco para atravessar no livro essas noites longas, noites de abrigo e de insônia, com suas “horas devastadoras” em que “também a delicadeza devora, a seu modo”.
Em seus versos, tudo parece muito claro, cada poro está exposto e vibrante, mas também recai uma sombra densa sobre o que é dito, porque a poeta, mesmo lidando com o vocabulário que seus colegas de ofício tanto já frequentaram, sabe fazer sua voz surgir vestida apenas de “palavras que resistem à pele última da legibilidade”.
No percurso entre sua estreia em 2020, com A mulher submersa (finalista do prêmio Jabuti) e cova profunda é a boca das mulheres estranhas (publicado em 2024 pelo Círculo de Poemas), passando por Sal e Canção derruída (edição portuguesa de sua poesia pela prestigiosa Assírio & Alvim), Becker conquistou leitoras e leitores que não hesitam em acompanhá-la pelos recantos que apenas seus “pulsos finos” sabem tocar sem destruir — mas, se preciso, sabem também destruir. Ao convocá-los, agora, para “amar como a estrada ama os que se perdem”, Noite devorada prova que é possível encontrar o amor no espaço (in)finito de um livro.
Este livro é parte da caixa de maio 2025
- título Noite devorada
- Páginas 120
- ISBN 9786561390729
- Formato 13,5 x 20 cm
Trecho
aproxima-te do amor sem muitas perguntas
aprende-o impensado, intocado ainda
sem perguntas aproxima-te, como descobrindo no
tempo um tempo sem
palavras
com medo de que
se chamado, o amor
(esse pássaro)
se assuste