Sobre o livro
Entre 1988 e 1998, Jean-Luc Godard escreveu e montou o monumental História(s) do cinema, trabalho que resultou num filme de oito episódios e neste longo poema-ensaio.
Nele, o autor se firma como grande pensador do cinema, ao fazer coincidir a história do século e a sua história como artista. Manuseando um grande arquivo em que se chocam pedaços de livros, filmes, pinturas, Godard compõe um panorama pessoal, sob a forma de poema, que coloca o dedo em algumas feridas do século XX.
Na orelha do livro, Katia Maciel afirma que Godard filma com a máquina de escrever “a genealogia do cinema depois da pintura, do plano americano ao close, dos irmãos Lumière a Hitchcock, da nouvelle vague e neorrealismo ao cinema hollywoodiano. A guerra. O horror. O amor. A loucura. A história do cinema como imagem da história.”
Em tradução do premiado tradutor Zéfere, História(s) do cinema apresenta, pela primeira vez em língua portuguesa, aquela que é considerada uma das maiores criações de Godard, espécie de súmula do conjunto da obra do autor. A edição conta ainda com o posfácio de Joana Matos Frias.
Este livro é parte da caixa de abril 2022
- título História(s) do cinema
- autor Jean-Luc Godard
- Tradução Zéfere
- Capa Alles Blau
- Páginas 192
- Lançamento 01/04/2022
Trecho
os poetas
entre os mortais são aqueles que
cantando com gravidade
sentem o rastro dos deuses que se foram
seguem esse rastro
e assim traçam para os mortais
seus irmãos
o caminho da reviravolta
mas quem
entre os mortais
seria capaz de reconhecer
tal rastro
é próprio dos rastros
não ficarem aparentes
e eles são sempre
legados como uma convocação
que mal se pressente
ser poeta
em tempos
de aflição
é portanto
enquanto canta
ficar atento
ao rastro
dos deuses que se foram
eis por que
em tempos de escuridão no mundo
o poeta fala o sagrado