Cantos à beira-mar e outros poemas
(fevereiro 2024)
Sobre o livro
Esta edição reúne a poesia da maranhense Maria Firmina dos Reis (1825-1917), autora de Úrsula (1859), um dos primeiros romances brasileiros de autoria feminina e negra. Além de Cantos à beira-mar (1871), único livro de poemas editado em vida pela autora, o volume apresenta também 34 poemas publicados esparsamente na imprensa do Maranhão e um poema encontrado no seu diário.
Com textos estabelecidos a partir das publicações originais, Cantos à beira-mar e outros poemas é uma cuidadosa edição dos versos de Maria Firmina, organizada por Luciana Martins Diogo, editora da revista Firminas: pensamento, estética e escrita e pesquisadora dedicada a estudar o acervo da poeta maranhense e divulgá-lo no site Memorial de Maria Firmina dos Reis.
Mais de um século depois de sua morte, num momento de intensa e justíssima recuperação de autoras e autores “esquecidos” pela historiografia oficial, conhecer a voz poética de Maria Firmina dos Reis é fundamental para redefinir o que chamamos de “literatura brasileira”, conferindo o merecido lugar de destaque a essa poeta romântica e precursora do abolicionismo, engajada nas lutas de seu tempo e empenhada a escrever e publicar num ambiente totalmente adverso às mulheres e aos negros.
Na poesia, o leitor reconhecerá, sob a potência própria dos versos, o olhar singular da grande romancista para as chagas de sua época. Ao voltar à prosa, ele saberá que foram nas batalhas da poesia que se forjou essa voz incontornável das nossas letras.
Este livro é parte da caixa de fevereiro 2024
- título Cantos à beira-mar e outros poemas
- autor Maria Firmina dos Reis
- ORGANIZAÇÃO Luciana Martins Diogo
- POSFÁCIO Juliano Carrupt
- PÁGINAS 280
- FORMATO 13,5 x 20 CM
Trecho
Uma tarde no Cumã
[…]
E sobre a branca areia — mansamente
A onda enfraquecida exausta morre;
Além, na linha azul dos horizontes,
Ligeirinho baixel nas águas corre.
Quanta doce poesia, que me inspira
O mago encanto destas praias nuas!
Esta brisa, que afaga os meus cabelos,
Semelha o acento dessas fases tuas.
Aqui se ameigam de meu peito as dores
Menos ardente me goteja o pranto;
Aqui, na lira maviosa e doce
Minha alma trina melodioso canto.
[…]