Sobre a caixa
A caixa de março inclui Dança para cavalos, de Ana Estaregui, livro novo e tão aguardado da poeta paulista que trabalha com o movimento e a metamorfose das formas a partir de um gesto de observação radical do mundo. E também a plaquete exclusiva Brincadeira de correr, de Marcella Faria, em diálogo com a pintura Hide and Seek, do final do século XIX, do norte-americano William Merritt Chase.
Produtos da caixa
Autor
Ana Estaregui
Depois do cultuado Coração de boi (7letras, 2016), Ana Estaregui apresenta agora Dança para cavalos, seu terceiro livro de poemas. Dando continuidade à investigação e fusão com o mundo já presentes em seu trabalho anterior, a poeta intensifica aqui o gesto de flagrar os movimentos e a metamorfose das formas: o corpo, a casa, a gestação, os bichos, as plantas, as atividades domésticas. E convida leitora e leitor a observar as passagens e transformações de tudo o que está ao redor.
Com uma linguagem simples e objetiva, os poemas de Dança para cavalos fazem com que a vida surja como se nomeada pela primeira vez. Seus versos abarcam desde os movimentos mínimos, como o tropismo das plantas, aos movimentos amplos, como a manada de bisões se deslocando.
Nas palavras da poeta Alice Sant’Anna na orelha do livro: “Fruto de uma observação radical e de uma imaginação assombrosa, o livro estabelece aproximações insuspeitas entre a vida doméstica e a vida selvagem. Nesses poemas, a poeta se questiona sobre o que quer dizer ser, aparentar ser e aprender a ser: não há animal que finja ser o que não é.”
Em 2018, Ana Estaregui recebeu, com o original do livro Dança para cavalos, o Prêmio Governo de Minas de Gerais de Literatura na categoria poesia.
Autor
Marcella Faria
Brincadeira de correr, de Marcella Faria, é um poema que estabelece um diálogo com a pintura Hide and Seek (1888), de William Merritt Chase, pintor impressionista norte-americano. Num intenso jogo de luz e sombra, que cria um ambiente misterioso, a tela dá a ver duas meninas, que seriam as filhas do pintor, brincando de esconde-esconde.
Em seus diferentes movimentos, o poema de Marcella Faria, como o quadro, também cria duplos com sobreposições e choque de temporalidades, numa comovente fala endereçada a sua filha Rosa. Como as duas irmãs do quadro, os versos do poema brincam num jogo de esconde-esconde ou de pega-pega, e o companheiro de brincadeira não é ninguém menos que o tempo: “um século quando corre / alcança encosta/ no século mais próximo / e vira século passado / o outro é futuro / começa a correr”.
A plaquete faz parte de uma coleção de poemas em diálogo com imagens anteriores ao século XX.