Dendorí: dar corpo ao poema — e vice-versa
(outubro 2025)

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Sobre a plaquete
Fazer poesia com o corpo todo: eis a lição/convocação de Ricardo Aleixo nos trinta verbetes de Dendorí: dar corpo ao poema — e vice-versa. Partindo da rica experiência como “performador”, o poeta mineiro reflete sobre os principais aspectos dessa dimensão tão importante da arte poética, lembrando-nos de que, desde suas origens, nas mais variadas culturas, fazer um poema é bem mais do que colocar um texto no papel.
Em vez de criar conceitos rígidos, Aleixo se dedica a registrar poeticamente suas ideias, que se oferecem como ponto de partida para novas criações, dele e de todos nós, porque performance “é a junção, num mesmo espaçotempo, da voz — que faz da palavra uma força viva —, do corpo inteiro, do gesto e do movimento, os quais, assim enlaçados, compõem um ambiente multissensorial, um campo aberto e livre”.
À luz da palavra “dendorí” (contração mineiríssima de “dentro do orí”, em que a palavra iorubá significa “cabeça”), ele nos ensina que cada artista é uma “pessoa-muitas”, isto é, compõe-se coletivamente, inclusive por sua ancestralidade, e é sobretudo no palco do poema que todas essas pessoas têm presença, voz, corpo.
Os verbetes — que acompanham os passos de Aleixo da improvisação à inspiração, da intermídia ao “poemanto”, da “corpografia” ao “texto-tambor” — formam um precioso ensaio sobre a performance poética, recolhendo um saber que se fez a partir do fazer de um dos principais poetas brasileiros das últimas décadas.
Esta plaquete é parte da caixa de outubro 2025
- título Dendorí: dar corpo ao poema — e vice-versa
- autor Ricardo Aleixo
- Páginas 40
- ISBN 9786561390903
- Formato 13,5 x 20 cm
Trecho
CORPO
Embora eu venha repetindo, com grande frequência, que não sei (sempre) o que é corpo, sei que o corpo — o que quer que seja um corpo — é um espaço. Um espaço móvel. Nosso primeiro espaço. Nosso derradeiro espaço. Cheio de espaços dentro. Que têm, cada um, muitos outros espaços dentro, assim infinitamente. O corpo é o espaço a partir do qual surgem os demais espaços — o da casa, da rua, da cidade, do esquife, do sepulcro, do berço da chegada à vida além do ventre materno. O corpo, na Cena Dendorí, é escala, tema, suporte e elemento composicional.