História das crianças
(agosto 2025)


Sobre o livro

Quanto do que somos é determinado pelo que vivemos na infância? Somos aquilo que se desata de todos com quem dividimos a casa, a rua, a escola, o caminho até dizer “eu”? Ou, ao contrário, somos o nó que conseguimos dar com as infinitas linhas que nos trouxeram até aqui? Os poemas de Rafael Zacca, nesta História das crianças, jogam-se — e nos jogam — no abismo dessas perguntas e, muito mais que reconstruir a memória, revelam uma espécie de antimodelo da infância se espraiando pela vida.

Aqui, a vida nova se forma entre os acertos e desacertos da grande família de que, sem treino, fazemos parte. O avô, a avó, o pai, a mãe, os irmãos, os amigos, os professores, toda essa gente anda entre os versos e costura nosso pedaço do mundo. E não há nostalgia nesse olhar para o passado: é apenas o tempo dando voltas e desvendando as formas que a infância encontra para continuar conosco — continuar sendo.

A trilha sonora chega pelo rádio do Chevette 87; o espanto diante do mundo é coisa de criança-cientista; as lições chegam durante as brincadeiras, atravessadas, no entanto, pela tristeza; tudo parece ser ainda a fábula encontrada nos primeiros livros, mas a moral não está mais no mesmo lugar; e as conversas imaginadas com pessoas reais podem ser tão embaraçosas quanto as conversas reais com pessoas imaginárias.

Diante da Ilíada, o poeta pergunta: “queria ver/ aquiles e pátroclo/ antes da guerra/ como será que eram?”. Essa é a aventura de História das crianças, que nos leva para esse momento antes da guerra — ou quando a vida se organizava de uma maneira que não parecia ser ainda a guerra. Coisa de criança, talvez. Mas a poesia, assim como a infância, não é uma forma de desafiar aquilo em que a vida quer se transformar? Aqui, ao menos, é.



Este livro é parte da caixa de agosto 2025
  • título História das crianças
  • autor Rafael Zacca
  • Páginas 136
  • ISBN 9786561390842
  • Formato 13,5 x 20 cm

Trecho

de bolso

carlos drummond de andrade
ganhou uma lanterna de bolso
e passou a apagar as luzes
à noite pra fazer a ronda
da luz errante

o poeta não é
nenhum ladrão de fogo
dizia drummond
é apenas alguém
com uma lanterna de bolso
que abre caminho
entre as trevas do dicionário

um dia o poeta
volta da repartição
morrendo de medo de morrer
e percebe que a lanterninha
começa a abrir
um caminho de sombra
entre as coisas mais nítidas

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