Makunaimã morî mai: palavras belas de Makunaimã

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Sobre a plaquete
Desde as primeiras páginas de Makunaimã morî mai: palavras belas de Makunaimã, Trudruá Dorrico nos desafia a imaginar — e reconhecer — um mundo sem as fronteiras e formas de ocupação que fomos levados a crer que sempre estiveram onde estão: “meu povo Makuxi, cujo território ancestral, o Circum-Roraima, localiza-se em três países: Guiana, Venezuela e Brasil”. É desse mundo grande, livre, ancestral, antes dos nomes e mapas, que vem sua poderosa voz poética.
Para Dorrico, jovem poeta e pesquisadora que tem se destacado na recuperação da literatura e da cultura originárias, cada nova página é também um reencontro com a língua de seus ancestrais, a língua makuxi, de tronco linguístico karib, depois de gerações forçadas a “esquecer” o idioma nativo para serem aceitas em escolas, igrejas, trabalhos. Um povo que sofreu a “diáspora em sua própria terra”, sob os ataques da doutrina do progresso e da civilização, precisando apagar sua cultura para “ser brasileiro”.
A plaquete reúne poemas em português e na língua makuxi, bem como traduções de pandoni (histórias de seres da floresta) e textos em que essas línguas se unem. Ao final do volume, um pequeno vocabulário “maimu-português” ajuda a orientar os leitores de português nessa riquíssima travessia entre culturas.
Os poemas nos apresentam o “ecossistema dos deuses”, lançando luz sobre as diversas camadas de um modo de viver e se relacionar com a terra que não apenas conta algo fundamental sobre nosso passado, mas também mostra caminhos para um futuro menos destrutivo. “Ser makuxi hoje é um orgulho, mas antes, não muito tempo atrás, era uma condenação”. Por isso, contar a história é reiniciá-la, abrir possibilidades para que a vida se reinvente. Nas palavras da poeta: “Escrever me ensina a ser floresta”.
- título Makunaimã morî mai: palavras belas de Makunaimã
- autor Trudruá Dorrico
- Páginas 40
- ISBN 9786561390804
- Formato 13,5 x 20 cm
Trecho
Comunidade
Rezando a terra
cantando os bichos
batendo as plantas
Dançando de pés descalços
com saias de fibras
— nas serras e nos lavrados
Habitando em casas de palha e barro
— ancestrais
Comendo damorida
bebendo pajuaru, caxiri e mocororó
Assim “caminhamos em direção ao futuro
na trilha de nossos antepassados”