As cidades
(junho 2025)


Avise-me quando chegar

Sobre a plaquete

O nome de Caetano W. Galindo é bastante conhecido dos leitores, seja por suas premiadas traduções (como o monumental Ulysses), seja pelas deliciosas reflexões sobre a língua portuguesa no já clássico Latim em pó (2022) e no recente Na ponta da língua (2025). Nas páginas de As cidades, Galindo apresenta uma outra face dessa sua profunda relação com a força das palavras.

Partindo da lição de “escrita não criativa”, que encontra literatura em outros textos e elementos já prontos por meio da colagem, do sample e até mesmo da cópia, Galindo passou pela lista dos 5571 municípios do Brasil colhendo nomes que lhe pareceram ter algo especial a dizer “sobre a história toda de um país e suas línguas”. E o resultado é um poema que vai, em ordem alfabética, de Abre Campo a Zortéa, levando o leitor para viajar por Axixá, Descanso, Icó, Mostardas, Piripiri, Sorriso e Tartarugalzinho, seguido de um ensaio precioso sobre o processo (re)criativo da plaquete.

Esse jogo de pescar palavras de um contexto para outro, segundo regras criadas (e também infringidas) pelo próprio poeta, revela “o que [se] articula de beleza em torno da simples ideia de olhar em volta e perceber que toda sorte de matéria verbal, quando exposta de maneira destacada, pode ser lida como poema. E deve”. Em cada palavra escolhida, paramos um pouquinho para respirar, repetir em voz alta, imaginar seus sentidos, sua geografia (humana, inclusive) e seu papel no universo que chamamos de “nós”.

Para Galindo, a escrita de As cidades vai além de criativa ou não criativa; é recriativa e também recreativa: “durante a concepção da exposição Fala, Falar, Falares, que Daniela Thomas e eu organizamos para o Museu da Língua Portuguesa [aberta à visitação até 14/9/2025], existia uma parede de dois metros por quatro que ia ficar sem nada escrito, e a Daniela me disse pra inventar alguma coisa. E tudo voltou à minha cabeça, e eu me diverti”. É impossível não se divertir com ele e voltar dessa viagem com os ouvidos mais atentos para cada palavra ao redor.



Esta plaquete é parte da caixa de junho 2025
  • título As cidades
  • autor Caetano W. Galindo
  • Páginas 40
  • ISBN 9786561390743
  • Formato 13,5 x 20 cm

Trecho

“Eu li toda a lista dos municípios brasileiros (5571, segundo o IBGE) e escolhi o que me cantou. Sempre nomes de uma palavra só.

 

Evitei assim os Rios, Santos, Sãos e Santas, por exemplo. Pulei ainda burgos, pólis e lândias. Deixei de lado os nomes próprios. Incluí apenas os femininos, pela memória de As cidades invisíveis, de Italo Calvino.

 

Preferi cidades que estava lendo pela primeira vez. Com isso, acabei também fugindo das cidadonas.

 

Algumas cidades entraram apenas por motivos sentimentais. A Jacobina onde nasceu meu pai; Iracema, que nasceu minha mãe.

 

Mantive criteriosamente a ordem alfabética, a não ser num caso.

 

Montada a lista, reli tudo e por vezes voltei à fonte em busca, digamos, de algum nome de três sílabas que coubesse entre dois outros e me deixasse mais feliz.

 

E há ainda dois dados que me cabe mencionar.

 

  1. Uma cidade não existe.
  2. Todas as afirmações desta página são falsas.”

ATENÇÃO

As compras de produto e assinatura são feitas separadamente. Para adicionar o produto em seu carrinho vamos esvaziá-lo primeiro.
Aceitar
ASSINE O CÍRCULO DE POEMAS E RECEBA 2 LIVROS POR MÊS

ATENÇÃO

As compras de produto e assinatura são feitas separadamente. Para adicionar a assinatura em seu carrinho vamos esvaziá-lo primeiro.
Aceitar