Caixa de setembro

setembro 2025

Na caixa de setembro, os assinantes recebem o livro ALUVIÃO, de davi de jesus do nascimento. A vida às margens do rio São Francisco é a matéria-prima dos poemas desse poderoso livro de estreia do artista norte-mineiro. Ali, viver é sempre sobreviver e tudo depende da força do rio, generoso para fornecer a subsistência, mas que também pode ser o destino último dos sonhos. Nos barrancos do Velho Chico, o poeta se enreda no luto pela mãe, cuja morte muda o sentido de tudo que vive e do que já foi vivido. Ao partir, ela multiplica sua presença: “ela é o rio. ela é o mar agridoce. ela é a esteira das frutas. o quintal dela é minha língua”. Também vai na caixinha a plaquete a quatro mãos, de Roy David Frankel e Yasmin Nigri, em que dois jovens poetas, vivendo em cidades distantes, encontram na escrita conjunta de poemas uma forma de vencer o abismo entre eles. Mas o que pode a poesia diante do abismo em que um amigo desaba para dentro de si? Na trama poética de a quatro mãos, cada palavra pode ser um passo em falso, mas é sempre uma tentativa de resgate. Entre escrita e escuta, escrever junto é a afirmação de que apenas com o outro, multiplicando nossas mãos e nossa voz, podemos “recozer o barro, refazer a peça/ um dia chamada coração”.

Livro de setembro

As formas que a vida assume às margens do rio São Francisco são a matéria-prima dos poemas de ALUVIÃO, livro de estreia de davi de jesus do nascimento, jovem artista plástico norte-mineiro. Criado numa família de pescadores, lavadeiras e carranqueiros, ele tece memória e imaginação para nos levar ao território em que suas palavras nascem: “lá não é minas. é gerais. um sol para cada pessoa e peixeira debaixo do colchão”.

É nesse pedaço do mundo, redemoinho de afetos e arestas, que o poeta se forma, lá onde viver é sempre sobreviver e tudo depende da força do rio, que é generoso para fornecer a subsistência, mas também pode ser o destino último de todos os sonhos.

É também nos barrancos do Velho Chico que ele se enreda no luto pela mãe: “ela é o rio. ela é o mar agridoce. ela é a esteira das frutas. o quintal dela é minha língua”. Como um fio (ou rio) que atravessa e une as diversas faces de ALUVIÃO, a morte da mãe (“nunca vão entender o que foi ela, a barranqueira”) é capaz de mudar o sentido de tudo que vive e do que já foi vivido, como uma presença que, abandonando o corpo individual, se multiplica em cada pequeno detalhe ao redor: a maneira de falar e de ouvir, de trabalhar e de comer, de rezar e de dormir, tudo tem o rosto e o “mel” da mãe.

Imerso nesse amor, o poeta cria ALUVIÃO como as pessoas ali fazem as coisas que dão sentido aos seus dias: tecer redes ou esculpir carrancas, pescar ou lavar roupas. “A minha língua é extensão das que sempre foram regadas com caldo de cabeça de peixe.”

Plaquete de setembro

Dois jovens poetas, ambos nascidos no Rio de Janeiro, mas vivendo em cidades distantes, encontram na escrita conjunta de poemas uma forma de vencer o abismo entre eles. Mas o que pode a poesia diante do abismo em que um amigo desaba para dentro de si? Na trama poética de a quatro mãos, de Roy David Frankel e Yasmin Nigri, cada palavra pode ser um passo em falso, mas é uma tentativa de resgate.

São quatro mãos, sim, mas na superfície dos poemas é sempre muito sutil o jogo entre as duas vozes: “eu brincando de você/ você brincando de mim”. Apenas uma ou outra palavra denuncia o gênero, então sabemos que a voz vem de um ou de outra, de Berlim ou de Haifa, da sombra ou da luz. Se “a doença”, alguém diz, “arrasta pelos rumos errados”, vem a “palavra amiga” de longe, mas sempre por perto, dizer: “troca essa lente, percebe?/ você é mais do que essa imagem baça/ mais do que esses contornos disformes/ rugido impenetrável da ausência/ em que se misturam figura e fundo”.

Há um desejo compartilhado de reconstrução, um empenho para escapar do lado mais sombrio dos dias: “o que eu queria/ na minha cabeça/ era outra cabeça”. E o que se afirma nesse gesto de escrever junto (em direção ao outro, em busca do outro), em que escrita e escuta se abraçam, é que apenas com o outro, multiplicando nossas mãos e nossa voz, podemos “recozer o barro, refazer a peça/ um dia chamada coração”.

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